quinta-feira, 3 de abril de 2014

'Morre se não deixar essa vida', diz mãe de menor suspeita de matar PM

Felipe Gibson Do G1 RN

"Queria que ela voltasse a estudar, pois se não sair dessa vida vai morrer. Ainda tem saída, minhas orações são para isso". As palavras são da mãe da adolescente de 15 anos que admitiu (veja o vídeo ao lado) ter matado o soldado da Polícia Militar Jailson Augusto do Nascimento na última quarta-feira (26) em Parnamirim, na Grande Natal. Obedecendo o que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente, o nome da mãe não será divulgado.

Para a mãe, apesar da confissão do assassinato, a adolescente assumiu um crime que não cometeu. "Está assumindo algo que não fez porque é menor de idade", diz. A garota foi apreendida nesta segunda-feira (31) no bairro Guarapes, zona Oeste de Natal, e liberada por não ter sido detida em flagrante.

Mãe de outros quatro filhos, ela conta que ficou sabendo do envolvimento da filha na morte do policial apenas nesta segunda, quando a adolescente foi apreendida. "Fiquei muito chocada e magoada. Nunca quis ver minha filha nessa situação. Recebi a ligação do escrivão da delegacia. Já tinha visto a reportagem sobre a morte. Ele era um pai de família", afirma. Ela acrescenta que ao chegar à delegacia, encontrou a garota machucada. "Estava com a boca inchada. Soube que bateram muito nela", revela.

Depois de liberada, a garota dormiu na casa da mãe, na zona Oeste. De lá, a adolescente teria ido para a casa do pai, com quem mora no bairro Guarapes. Agora ela estaria na casa de um tio, conforme relata a mãe. "Estava muito assustada, veio para casa comigo, mas no dia seguinte disse que ia uma buscar uma roupa na casa de uma amiga e foi para a casa do pai. Para que ele deixou a menina na casa de um irmão. Liguei para o delegado nervosa, mas ele me disse que no dia da audiência com o juiz vão buscar ela", conta.

A mãe morava junto com o pai da adolescente com os cinco filhos, mas deixou a casa há dois meses. Na separação, a filha decidiu morar com o pai. "Ela nunca gostou porque fico muito em cima dela por causa dessas amizades erradas. Ficou perdida", conclui.

Liberadas após crime

Como não houve flagrante, a polícia confirmou que a menor prestou depoimento e depois foi entregue aos pais. Além da adolescente, a operação realizada na tarde desta segunda - envolvendo as polícias Civil e Militar - também prendeu um homem e uma mulher.

Nos disse que deu um tiro, pensou que pegou no braço e atirou mais duas vezes. Foi muito fria"
Nilson Martins,
Chefe de Investigações

De acordo com Nilson Martins, chefe de investigações da 1ª DP de Parnamirim, a suspeita admitiu ter participado do crime, mas como também não houve flagrante, foi liberada e responderá pelo homicídio em liberdade. Já contra o homem, ficou constatado que não há indícios da participação dele no crime e ele foi solto após dar esclarecimentos.

"A menor contou que atirou porque o policial militar colocou a mão na parte de trás da cintura. Ela estava em uma motocicleta que vinha atrás e pegou o PM de costas. Nos disse que deu um tiro, pensou que pegou no braço e atirou mais duas vezes. Foi muito fria", afirmou o chefe de investigações.

Procurados

Três suspeitos de participação na morte do PM ainda estão sendo procurados pela polícia. Segundo Martins, "Além da adolescente e da mulher que adimitiram, participaram do crime mais três homens. Eles estavam em três motocicletas fazendo assaltos em Natal e Parnamirim", revelou.
 
Soldado Jailson Augusto foi morto em Parnamirim
(Foto: Reprodução/Sérgio Costa/PortalBO)

Duas das motos usadas nos assaltos foram roubadas na capital potiguar. "Eles saíram fazendo arrastões em todo o lugar. Quando foram roubar um churrasquinho em Parnamirim, o PM estava lá. Foram duas motos na frente e uma ficou atrás, justamente a que pegou o policial", detalhou.

As prisões e apreensão desta segunda aconteceram no bairro Guarapes, na zona Oeste, e na comunidade de Brasília Teimosa, na zona Leste da capital.

O crime

Segundo a própria PM, o soldado estava fardado, mas já havia deixado o serviço para buscar a filha no bairro Jóquei Clube. Ele foi atingido por vários disparos de arma de fogo, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Testemunhas relataram que uma mulher, que estava em meio a um grupo de cinco assaltantes, teria sido a autora dos disparos.

De acordo com a polícia, o soldado Augusto era lotado no 3º Batalhão da PM. Ele estava em um carro na avenida Paulo Afonso quando foi alvejado. Ele foi atingido por tiros na cabeça e no tórax e morreu antes mesmo de receber atendimento médico.

Segundo o comandante geral da PM, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, há relatos de testemunhas que afirmam que o policial tentou impedir o assalto ao comércio e, por isso, acabou assassinado.

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