Rafael Barbosa e Roberto Lucena - repórteres
A média diária de homicídios registrada no Rio Grande do Norte cresceu 50%. De acordo com números divulgados pelo Conselho Estadual dos Direitos Humanos e Cidadania (COEDHUCI), a polícia contabilizou 959 assassinatos no ano passado, o que representou 2,6 mortes por dia. Já no primeiro quadrimestre deste ano, o número de homicídios chegou a 471, ou seja, são 3,9 mortes a cada dia. Se a média continuar a mesma, serão mais de 1.400 homicídios até o fim do ano. Para evitar esse crescimento, o delegado geral da Polícia Civil do RN propôs, ontem, a criação de um “pacto pela segurança pública”.
Adriano Abreu
Ana Beatriz foi uma das sete vítimas de homicídio em Macaíba
Os números revelam que a violência cresceu de forma assustadora em todo Estado, especialmente na Região Metropolitana de Natal (RMN). Mas os dados não explicitam, por exemplo, as dificuldades encontradas por policiais civis e militares no combate à criminalidade. Os investimentos públicos no setor não acompanharam o avanço de quadrilhas e grupos responsáveis pelo domínio do tráfego de drogas. Concomitantemente, o desaparelhamento das policiais contribui para o cenário que se apresenta.
Na tentativa de fornecer à sociedade uma resposta devido aos homicídios registrados no último feriado, bem como fortalecer o enfrentamento ao crime, mesmo com a estrutura defasada, o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, reuniu, na tarde de ontem, os delegados dos municípios que compõem a RMN. O encontro, realizado à portas fechadas, serviu para definir as estratégias norteadoras dos próximos dias. “O que definimos aqui foi a criação de um pacto pela segurança pública. Sabemos das dificuldades, mas temos que enfrentar essa situação”, asseverou.
Basicamente, o que sugeriu o delegado geral foi que os delegados se empenhassem mais na investida contra os homicidas e quadrilhas de ladrões que estão atuando na RMN. “Estamos fazendo um planejamento operacional, no sentido de combater e diminuir a criminalidade, prendendo essas pessoas que estão traficando, matando, roubando para que o cidadão potiguar tenha mais segurança. As estratégias estão sendo discutidas para que possamos dar uma resposta à sociedade o mais rápido possível”, completou.
Nos últimos dias, uma onda de assassinatos, arrombamentos e explosões a caixas eletrônicos assustou o RN. A polícia ainda não esclareceu os casos. O titular da secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, atribui a falta de prisões e a crescente demanda de homicídios à falta de integração das polícias investigativas dos estados brasileiros. Segundo Rocha, as quadrilhas são organizadas e têm integrantes de diferentes localidades do país e isso dificulta as investigações.
O secretário também admitiu que a falta de estrutura das delegacias e o déficit de efetivo das polícias contribuem para esta demora na resposta do Estado. Em Macaíba – município que registrou sete homicídios na última quarta-feira – a polícia militar conta com três viaturas e duas motocicletas para o patrulhamento de toda região. O efetivo do 11º BPM é de 78 policiais que, além de Macaíba, respondem por Vera Cruz, São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Extremoz.
O titular da delegacia da cidade, delegado Márcio Delgado, participou da reunião de ontem e informou que a estrutura existente não favorece as investigações. “Trabalhamos todos os dias, mas é complicado com o que temos. Não temos delegacia de plantão e as coisas demoram. O efetivo não é suficiente”, disse.
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