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A
empresa Viação Riograndense Ltda. divulgou nota de esclarecimento na
tarde desta segunda-feira após o anúncio do encerramento das atividades
da empresa que deixou 150 trabalhadores desempregados.
Segundo a nota, a empresa alegou as dificuldades financeiras para se manter no mercado. “A tendência do custo do serviço e consequentemente da tarifa é de alta, já que está diretamente relacionada ao desempenho operacional, com a crise da mobilidade urbana”, diz trecho da nota.
A
empresa que fazia as linhas (03, 45 e 28) pegou os usuários de
surpresa. A Semob está fazendo o levantamento da situação e estuda
soluções paliativas, entre as quais estender linhas que passam próximos
aumentando o número de carros para a população fazer a integração ou
ainda a colocação de ônibus circulares.
Confira a nota da Riograndense na íntegra
Não foi surpresa para a sociedade natalense a empresa Riograndense anunciar a sua desistência do serviço municipal de ônibus.
É sabido por todos, que o setor de transporte coletivo de passageiros urbano do país está em crise devido à falta de políticas direcionadas para o setor, indo na contramão do que estabelece a nova Lei da Mobilidade Urbana, incentivando cada vez mais o transporte individual, com subsídios diretos e liberação de impostos para compra de carros e motos.
Os ônibus operam em vias cada vez mais congestionadas por automóveis e motos. Desta forma, sendo afetado por uma série de problemas que comprometem sua eficiência e capacidade de competição: baixas velocidades operacionais, vias mal conservadas, esburacadas, sem sinalização de trânsito, sem condições de segurança, proliferação do transporte clandestino. Tudo isso, degradando as condições de circulação e operação dos veículos nas ruas, provocando permanentes congestionamentos e tempos de viagem cada vez mais longos.
Por outro lado, o preço dos ônibus sofrem aumentos superiores aos dos veículos particulares, não recebem benefícios fiscais ou redução de impostos e o óleo diesel subiu nos últimos anos 100% (cem por cento) a mais do que o preço da gasolina, demonstrando clara prioridade ao transporte individual.
A tendência do custo do serviço e consequentemente da tarifa é de alta, já que está diretamente relacionada ao desempenho operacional, com a crise da mobilidade urbana. Desta forma, quanto maiores os engarrafamentos, menor é a demanda de passageiros. Com a demanda fraca potencializam-se os altos custos operacionais e maior será a tarifa.
A tarifa é determinada pelo órgão gestor municipal e a planilha de custos é elaborada pela Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), pois mesmo não retratando a realidade, os valores apurados no primeiro semestre pela própria Secretaria e divulgados no início de junho de 2012 no valor de R$ 2,3676 sequer foi decretado pela Prefeitura, fato que ocorre historicamente.
Estes problemas vêm se acumulando no serviço de transporte coletivo de Natal nos últimos 20 anos, levando a que algumas empresas vendessem seus ativos, a exemplo das empresas Cidade do Sol, Transportes Pirangy e Trampolim da Vitória e, mais recentemente, a venda do controle societário para grandes grupos econômicos externos, como é o caso da Transportes Guanabara e Transportes Nossa Senhora da Conceição.
A Riograndense, infelizmente, paralisou suas atividades neste domingo, dia 12 de agosto de 2012. E outras empresas seguirão este caminho caso o governo não tome decisões políticas visando revisar e adequar os valores da tarifa, reduzir a carga tributária como acontece em outros setores empresariais, a exemplo da isenção do ICMS do óleo diesel das embarcações pesqueiras e do querosene de aviação; redução do ISS como ocorre em várias capitais (Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, dentre outras); subsídio e controle de gratuidades.
Importante também será a implementação das medidas já previstas na nova Lei da Mobilidade Urbana, valendo destacar a melhoria da segurança pública; combate ao transporte clandestino; melhoria das vias públicas; adequação dos pontos de embarque e desembarque; vias exclusivas para os ônibus; gestão eficiente do transporte e do trânsito e licitação do serviço de transporte com regras claras de equilíbrio econômico financeiro.
O serviço do transporte coletivo de Natal está à beira do caos. Caso não se adotem medidas urgentes e efetivas para a solução dos problemas aqui mencionados, a Riograndense é apenas uma amostra do que ocorrerá com os demais operadores de transporte da cidade.
Viação Riograndense Ltda
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