sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Amarrado, homem apanha após 'mal entendido' na Grande Natal;

Anderson Barbosa Do G1 RN
 
Homem foi amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, no bairro de Nova Parnamirim (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Após tentar puxar conversa com uma mulher numa parada de ônibus na manhã desta sexta-feira (3) em Nova Parnamirim, na Grande Natal, um homem embriagado foi confundido com um assaltante. Rendido por moradores da região, ele foi amarrado e levou uma surra até a chegada da polícia. "Ela se agarrou com ele. Os dois caíram no chão e a população correu para socorrê-la", disse uma testemunha que pediu para não ser identificada.

Segundo o tenente Faustino Júnior, oficial de operações do 3º Batalhão da PM, o homem estava bêbado e encostou na parada de ônibus para conversar com a vítima. "Foi tudo um mal entendido, um engano. Confundiram ele com um ladrão", afirmou.

Abalada, a mulher não quis falar sobre o ocorrido. No vídeo ao lado, gravado pela reportagem do G1, o suspeito já aparece amarrado em meio ao canteiro central da Avenida Abel Cabral, uma das mais movimentadas da região. O homem tem as mãos e os pés atados com cordas. Um dos moradores joga areia e dá chutes na cabeça dele.


Com a chegada da guarnição, o homem foi desamarrado e levado pelo Samu para ser atendido no Hospital Regional Deoclécio Marques. A moto que estava com ele, que não possui queixa de roubo, foi levada para a Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal.

Linchamentos no RN
Em infográfico publicado no início de julho deste anos, o G1 fez um levantamento sobre casos em que cidadãos cometeram crimes ao tentar fazer justiça com as próprias mãos. Com cinco casos, o Rio Grande do Norte

aparece como o terceiro estado com mais linchamentos noticiados neste ano, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Na ocasião, o promotor de Justiça de investigações criminais, Wendell Beetoven Ribeiro Agra, disse que a situação é preocupante. Ele acredita que a descrença na justiça criminal levou ao ponto atual.

"Como as pessoas desacreditam, elas passam a fazer justiça com as próprias mãos, o que é uma forma totalmente ilegítima de aplicação de punição. O cidadão age quando o Estado falha", opina. "Não acredito em soluções miraculosas com criação de divisões especiais para investigar crimes. Falta só o feijão com arroz, as delegacias de bairro investigarem", acrescenta o promotor.

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